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Ah...mas não é saudável



Poucos de nós, Portugueses, resistem a um bom Cozido, uma Feijoada, uma Alheira com Grelos ou umas fabulosas Migas Alentejanas, e tantas outras iguarias da nossa riquíssima gastronomia. Frequentemente dizemos que estamos a “trabalhar” para o colesterol. Comida deliciosa, que nos enche o estômago e a alma, e sabe tão bem...mas não é saudável. E quando comemos fica-nos sempre um pouco de sentimento de culpa pelo “mal” que podemos estar a fazer ao nosso corpo.


Fonte:Tradicional Cozido à Portuguesa - JF de Minde



Saudável. Esta é de longe a palavra mais comum quando hoje em dia se fala de alimentação e de comida. Os alimentos bons e maus, as inúmeras dietas que privilegiam alguns alimentos e renegam tantos outros, quantas vezes revelando-se, afinal, muito prejudiciais à saúde. Não é raro aparecerem distúrbios alimentares resultantes da prática de algumas opções alimentares mais extremas.


A literatura culinária e a internet estão inundadas de receitas sem glúten, sem lactose, sem ovos, paleo, vegetarianas, vegan, com baixas calorias...saudável portanto. Será mesmo?
Talvez seja bom começar por explorar o verdadeiro sentido do saudável. É certamente o resultado de um comportamento alimentar ao longo da nossa vida, e não se pode confundir com comportamentos pontuais. É certamente muito dependente da qualidade dos alimentos que compramos - e falamos obviamente de ingredientes simples, para serem cozinhados de raíz, e não produtos formulados industrialmente, tão disponíveis e atractivos nas nossas lojas mas cujo teor nutricional pode ser duvidoso. É certamente o resultado de uma alimentação baseada na diversidade de consumo de alimentos dos vários grupos (sempre aliado à prática de exercício físico, como referem os nutricionistas). E é sobretudo o resultado das quantidades que consumimos. Porque é hoje sobejamente conhecido que comemos muito mais do que aquilo que necessitamos.

Então porquê este sentimento de culpa quanto às nossas receitas tradicionais?

Os Chefs de cozinha parecem ditar as tendências. E eles ditam que se valorizem os produtos locais, os sabores tradicionais. Numa versão mais moderna, é certo. Mas mantendo a essência dos sabores. E nós em nossas casas? Vamos comer apenas aquilo que ditam os livros e as receitas do chamado saudável?
E se os Chefs de cozinha têm contribuído para manter viva a nossa gastronomia, valorizando ingredientes e preparações tradicionais, por vezes com adaptações a uma cozinha contemporânea mas sem comprometer a raiz, porque não o fazemos em nossas casas? Porque não se escrevem receitas e livros de receitas que mostrem isso mesmo, receitas tradicionais adaptadas aos tempos modernos, equilibradas no sabor e no valor nutricional, fáceis de preparar?

Temos de aprender a cozinhar, com os óptimos ingredientes que temos, mantendo os sabores tradicionais mas sempre repensando as quantidades, podendo até optimizar a sua composição e os métodos de preparação à luz de conhecimentos nutricionais mais recentes. Mas não devemos deixar de aproveitar o que temos de melhor em sabores.

Pela sua saúde, não deixe de comer um bom cozido. Pode optar por carnes mais magras, menor variedade de enchidos, menos arroz e feijão...ou comer tudo a que tem direito, mas tenha em atenção a quantidade total...e acompanhe com um bom vinho tinto, temos tantos e tão bons! 

Comentários

  1. Olá Helena
    Penso de igual forma, apesar de a minha alimentação ser sem glúten, uma intolerância que me foi diagnosticada à 3 anos. Todos em casa comemos sem glúten.
    Faço de tudo e comemos de tudo, com peso e medida. E tenho uma máxima que me acompanha -nem sempre nem nunca.
    Temos uma cozinha tão rica e tão variada, que só temos que aproveitar.
    E gosto dos nossos vinhos ;)
    Beijinhos

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    Respostas
    1. Olá Cristina!
      Obrigada pela visita, a primeira neste blogue recém-nascido!
      Um beijinho

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